“Para mim, a grande revolução é ir às raízes, reconhecê-las e ver o que têm a dizer no dia a dia”, Papa Francisco
©MASSIMILIANO MIGLIORATO/CPP
13.06.2014 // IMPRIMIR
“Era um tipo bom, fez o que pode, não foi tão ruim”, assim o Papa Francisco respondeu a última pergunta: “Como gostaria de ser lembrado?”, feita em uma longa entrevista do jornal espanhol La Vanguardia.
Durante a entrevista o Papa revelou: “os cristãos
perseguidos são um problema que me toca como pastor”. Disse que estava
convencido de que “a perseguição aos cristãos hoje é mais forte que nos
primeiros séculos da Igreja. Não é uma fantasia, os números comprovam”.
O jornalista que entrevistou o Papa ressaltou a oração pela paz realizada no último dia 8 de junho, no Vaticano.
“Não foi uma atitude política, mas religiosa: a abertura de uma janela
para o mundo”, disse Francisco. E quando fala da violência em nome de Deus
ressalta: “É uma contradição que também nós cristãos às vezes temos
praticado”, e prossegue: “as três religiões monoteístas têm no seu
interior grupos fundamentalistas, mesmo sendo pequenos. A mentalidade do
fundamentalismo é violência em nome de Deus”.
Algumas pessoas dizem que o Papa é um revolucionário,
comenta o jornalista do jornal espanhol. “Para mim, a grande revolução é
ir às raízes, reconhecê-las e ver o que têm a dizer no dia a dia”,
respondeu o Papa.
A pobreza e a humildade na Igreja. Quando toca
nesse assunto, instigando por que, para o Papa, isso é importante, ele
responde: “A pobreza e a humildade são o coração do Evangelho. Não se
pode compreender o Evangelho sem a pobreza, que deve ser distinguida da
miséria. Creio que Jesus queria que os seus bispos
fossem servidores. Quando vejo imagens de crianças desnutridas em várias
partes do mundo, penso que não estamos em um bom sistema econômico
global. É demonstrado que com os avanços podemos nutrir as pessoas que
sofrem de fome. No coração de cada sistema econômico deve estar o ser
humano. Mas pelo contrário, colocaram o dinheiro ao centro de tudo.
Caíram no pecado da idolatria, da idolatria do dinheiro. A economia se
move com o desejo de ter sempre mais e, para conseguir, gerou a cultura
do desperdício”.
Se o assunto muda para a famosa renúncia de
Bento XVI: “Fez um grande gesto. Abriu uma porta, criou uma
instituição”, disse Francisco. O jornalista do jornal espanhol comentou
que hoje em dia se vive mais, muitas vezes de chegar a uma idade onde
não conseguimos mais ir adiante nos afazeres como queremos. “Peço ao
Senhor que me ilumine quando chegar para mim este momento”, respondeu o
Papa.
A entrevista foi encerrada falando da Copa do Mundo.
“Sei que não posso perguntar para quem o senhor vai torcer”, disse o
jornalista. “Os brasileiros me pediram neutralidade (sorriu), cumpro
minhas palavras porque Brasil e Argentina sempre foram equipes
antagônicas”, respondeu o Papa.
Para finalizar, uma pergunta: Como gostaria de ser lembrado na história?
“Não pensei, mas gosto quando uma pessoa recorda de alguém e diz ‘era um tipo bom, fez o que pode, não foi tão ruim’, com isso me conformo.
“Não pensei, mas gosto quando uma pessoa recorda de alguém e diz ‘era um tipo bom, fez o que pode, não foi tão ruim’, com isso me conformo.
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